A qualidade com que a sua cabeça se equilibra em cima de sua coluna vai determinar a qualidade do tônus muscular no resto do corpo.
2. Unidade psico-física
Não tenha medo deste nome, não! A tradução do termo alexanderiano “unidade psico-física” é simplesmente “mente e corpo unidos”. No post anterior eu falei sobre o controle primordial, a informação chave da Técnica Alexander. A qualidade com que a sua cabeça se equilibra em cima de sua coluna vai determinar a qualidade do tônus muscular no resto do corpo. Postura errada, articulações enrijecidas, respiração constringida começam a aliviar-se enquanto nosso sistema se lembra de uma maneira mais natural de se mover, aquela que nós tínhamos quando crianças.
Mas como chegamos neste estado de rigidez?
Alguns optam por acreditar no fatalismo. O ser humano morando na cidade e trabalhando longas horas em frente de um computador está fadado a ter dor no pescoço, ombros curvados e um forte desejo de colapsar no slump* familiar.
(slump*: a posição de colapso familiar das fotos)
Outros admiravelmente tentam combinar a sua carreira com um estilo de vida mais saudável; um programa rico em exercícios, alimentação saudável e, por vezes, práticas espirituais para se acalmar e se centrar, por exemplo, meditação. Mas ainda assim, a maioria de nos percebe que depois de apenas algumas horas sentados ao computador, apenas sentados em um cadeira de avião ou até tocando o seu instrumento musical, o já conhecido desconforto ou dor crônica começam a aparecer . E não importa como nós lidamos com o desconforto, ele voltariam de novo e de novo e de novo…
Um dos conceitos universais que a Técnica Alexander tem em comum com outras práticas de desenvolvimento pessoal é assumir a responsabilidade. Como Marjorie Barstow, uma professora muita importante na história da Técnica Alexander, costumava dizer à seus alunos: “Agora pensa: quem é mais flexível, você ou a cadeira? Quem tem mais opções? Quem pode se adaptar?”
Então, vamos substituir a frase ‘esta cadeira não é confortável’ por ‘eu ainda não descobri como estar confortável nessa cadeira’
E isso nos leva ao princípio da unidade psico-física. Vamos supor que os problema físicos não acontecem por causa 1) de uma situação estressante, 2) a quantidade de trabalho, 3) um móvel desconfortável ou tudo isso junto! Vamos supor que os problemas físicos sejam criados pela forma com quem eu reajo a todas essas coisas. E no processo de reagir a uma situação, uma posição ou um móvel, meu corpo não está sozinho; obviamente, minha mente também está reagindo!
Brinque com um pequeno experimento:
Sente-se em frente ao computador e imagine receber um email muito importante. Você quer responder o mais rápido e da forma mais sofisticada possível! Assuma a posição na qual você estaria. Para mim, seria levar o meu rosto cada vez mais perto do computador, diminuindo a distância entre meus ombros, segurando a minha respiração e travando minha mandíbula. Reproduza a sua versão de ansiedade e exagere para observar melhor. O que está acontecendo em cada parte do seu corpo? O que estão fazendo seu peito, suas pernas e seu equilíbrio sentando na cadeira?
Agora pergunte a si mesmo: De onde vem essa tensão? Ela é física ou mental? Caso você tenha dificuldade em responder a pergunta, bem vindo ao princípio da unidade psico-física!
Ao chamar a atenção para este princípio, a nossa percepção da origem de nossos problemas físicos muda radicalmente. F.M.Alexander começou a observar o que ele fazia com seu corpo, para descobrir porque ele ficava sem voz cada vez que ele entrou no palco. Ele percebeu que era a reação mental ao estímulo de recitar que causou todas as reações físicas que o deixavam rouco.
E assim ele escreveu:
‘Você traduz tudo, seja físico, mental ou espiritual, em tensão muscular.’
No próximo post exploramos como a unidade psico-física afeita o funcionamento do corpo, e na sua vez o desempenho em toda atividade.