Técnica Alexander para Músicos: Unidade entre Mente Corpo
“Nenhum problema pode ser resolvido pelo mesmo grau de consciência que o gerou.” – Albert Einstein
“Meus dois primeiros livros, ‘A Suprema Herança do Homem’ e ‘Controle Consciente e Construtivo do Individuo’, contêm uma exposição da técnica que desenvolvi gradualmente durante vários anos em minha busca de métodos através dos quais as condições errôneas de uso do organismo humano pudessem ser melhoradas. Devo admitir que, ao iniciar a minha investigação, assim como a maioria das pessoas, eu concebia ‘corpo’ e ‘mente’ como partes separadas do mesmo organismo e, consequentemente, acreditava que os males, as dificuldades e as deficiências do ser humano poderiam ser classificadas como ‘mentais’ ou ‘físicos’ e tratados segundo critérios especificamente ‘mentais’ ou especificamente ‘físicos’. Minha experiência prática, contudo, levou-me a abandonar esse ponto de vista, e os leitores de meus livros perceberão que a técnica neles descrita baseia-se na concepção oposta, ou seja, de que é impossível separar processos ‘mentais e ‘físicos’ em qualquer forma de atividade humana.
Essa mudança da minha concepção do organismo humano não ocorreu como resultado de mera teorização de minha parte. Ela me foi imposta pela experiência adquirida através das minhas investigações em um novo campo de experimentação prática sobre o ser humano vivo.”
Com esses dois parágrafos F.M. Alexander abre o primeiro capítulo do seu livro ‘O Uso de Si Mesmo’. E ele curiosamente relata que “essa mudança de concepção foi imposta pela experiência adquirida através da experimentação prática”.
Toda vez que consideramos um problema como
somente físico (“o meu ombro está tenso”, “a minha respiração está curta”); ou
somente emocional (“estou me sentindo triste”, “estou ansiosa”); ou
somente mental (“se eu conseguir…., vai dar certo”, “eu não consigo memorizar a música!”), etc…
estamos dificultando a nossa vida ainda mais!
Pois na tentativa de fazer algo para resolver o problema, essa abordagem ‘segmentada’ não vai abordar a raiz do problema, que está sempre associada à nossa totalidade.
A relação entre pensamento e movimento
Utilize sua imaginação para conhecer e aprofundar na sua estrutura. Primeiro, você vai encontrar a pele, a estrutura mais superficial, que possibilita várias sensações e recebe informações do meio ambiente: temperatura, qualidades dos objetivos ou substancias com quais você entra em contato, etc… A pele é o maior órgão do nosso organismo e é uma estrutura fundamental, pois é a barreira natural entre o meio interno e o meio externo e ao mesmo tempo é o nosso agente de comunicação harmônica com o meio ambiente.
Mais profundamente encontramos o tecido muscular, fáscia, tendões e ligamentos – estruturas elásticas que ligam e apoiam o seu sistema ósseo. Os músculos são o único tecido no corpo que tem a capacidade de contrair. Todo pensamento ou emoção, toda resposta a um estímulo é traduzido em tensão muscular. Todo e qualquer comportamento só pode existir a partir da contração muscular.
Logo encontrará os ossos, estruturas mais sólidas do que músculos, mas não tão concretas quanto costumamos pensar. Os ossos são movidos por músculos mas são estruturas vivas, amplamente inervadas e irrigadas, no interior de quais encontra-se a medula óssea, a “fábrica” que produz nosso sangue constantemente.
Para todo o nosso organismo funcionar em harmonia, precisa ser orquestrado por um maestro, e esta é a nossa essência misteriosa, onde começa tudo: o nosso SISTEMA NERVOSO! É nesse sistema que nasce a nossa intenção e instantaneamente vira energia elétrica e logo mais movimento.
Músculos e ossos apenas apoiam a intensão de mover – uma intenção que vira movimento de uma forma imediata, ágil e elegante. Assistindo grandes intérpretes, nós apreciamos exatamente essa elegância, onde músculos não funcionam mais do que precisa, a tensão muscular é a tensão necessária – nem mais, nem menos.
TODO PENSAMENTO É UM MOVIMENTO e consequentemente, TODO MOVIMENTO É UM PENSAMENTO!
Para movimento acontecer, contração muscular é necessária. E toda contração muscular precisa um impulso elétrico através do sistema nervoso.
Na prática musical e durante o dia-a-dia podemos utilizar a nossa percepção da união entre mente e corpo para evitar de segmentar a nossa experiência de nós mesmos. Por exemplo, se eu reparo tensão em uma parte do meu corpo, posso me perguntar ‘será que estou focando minha atenção nessa tensão?’ – me segmentando na minha percepção naquele momento. Ou se eu reparo uma ansiedade, posso me perguntar onde no meu corpo essa ansiedade se manifesta. Posso também me perguntar onde reparo menos ansiedade, mais fluxo de energia no meu corpo. Assim, começo a utilizar minha percepção da minha totalidade como ferramenta ao meu favor.
*“Você traduz tudo, seja físico, mental ou espiritual em tensão muscular.” – F.M. Alexander