Muitas vezes, não entendemos por que sentimos desconforto na hora da nossa prática musical. O que acontece comigo na hora de realizar uma passagem que não consigo, ou não faço da maneira como gostaria? Por qual razão tenho tantas dores e cansaço? Por que não consigo tocar fácil, assim como meu ídolo? Essas perguntas podem ter como resposta a necessidade de cuidar do corpo para a prática musical, tanto quanto você cuida do seu instrumento.
A partir desse olhar, possivelmente você vai começar a descobrir hábitos e crenças que podem ser transformados para favorecer sua performance e lhe devolver o prazer de tocar ou cantar. Vamos falar sobre isso agora?
Por que incluir cuidados com o corpo na hora da prática musical?
Um dia eu me dei conta de que um instrumento não faz música sem a gente. Mas a gente, sem um instrumento, faz música sim! A grande questão é que em nossos estudos habituais passamos anos dando extrema importância para aprender a técnica do instrumento, a fim de tocar melhor, porém, nos esquecemos ― ou não somos incentivados ― a compreender como nosso corpo funciona na atividade musical.
Considero que o fazer musical envolve um instrumento primário (nosso corpo) e um instrumento secundário (o instrumento externo, aquele que vamos tocar), sendo que a voz faz parte do nosso instrumento primário ― então, a atenção deve ser redobrada!
Quando não incluímos um olhar holístico sobre como estamos nos movendo, nossa postura em relação ao nosso instrumento e até nossa relação com o ambiente físico e as pessoas ao nosso redor, muito provavelmente desenvolvemos hábitos e crenças que podem não ajudar, trazendo tensão excessiva e impedindo uma prática musical mais livre e prazerosa.
Quais sinais indicam a necessidade de cuidar do corpo para a prática musical?
Nosso corpo é muito sábio e dispara sinais de alerta quando algo não está indo bem e precisa ser modificado. No caso da prática musical, esses sinais podem ser:
- dores nas articulações, especialmente dos braços e ombros;
- dores nas costas;
- dores no pescoço;
- dificuldade de segurar o instrumento ou baquetas;
- corpo muito tenso durante ou após a prática musical;
- rouquidão (no caso dos cantores);
- sensação de laringe contraída demais (cantores);
- dificuldade de respirar fluidamente (cantores e instrumentistas de sopro, principalmente);
- irritação e estresse;
- dificuldade de concentração;
- fadiga pouco tempo após iniciar a prática;
- desânimo e vontade de parar.
Como os exercícios de consciência corporal para músicos podem ajudar?
O objetivo dos exercícios de consciência corporal para músicos é acender a percepção sobre sua relação com seu corpo, o que Frederick Matthias Alexander, chama de “O Uso de Si Mesmo”.
De maneira mais simples, essa consciência permite que eu entenda que uma escolha minha afeta a forma como eu toco ou canto, logicamente, impactando meu resultado sonoro.
Boa parte das tensões que adquirimos têm a ver com uma falta de consciência sobre o uso do nosso corpo na hora da prática musical, e isso pode acontecer com músicos de todos os níveis.
Habitualmente, focamos nosso estudo na resolução das questões técnicas da música para finalmente tocar ou cantar com fluência. Porém, é muito fácil que isso gere uma pressão pelo resultado e um esquecimento do processo de construção da música ― sobretudo que inclua o reconhecimento de como nosso corpo se organiza nessa atividade.
O resultado é que há um desequilíbrio entre o músico e instrumento musical e, sem perceber, passamos anos nos comprimindo sem necessidade, sentindo dores e desconfortos com consequências físicas e psíquicas que impactam no fazer musical.
Por isso, para ajudar você a cuidar do seu corpo para a prática musical, eu criei há alguns anos os Laboratórios CCPM, aulas voltadas a explorações e reconhecimento do uso do seu corpo para uma performance musical mais fluida e prazerosa. Então, eu convido você a participar. A próxima turma começa agora em setembro e você pode se inscrever agora mesmo!