Técnica Alexander para Músicos: O Uso de Si Mesmo

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Técnica Alexander para Músicos: O Uso de Si Mesmo

“Quando você pára de fazer o errado, O CERTO SE FAZ”

  F.M. Alexander

A susceptibilidade humana

Uma coordenação fluida é algo que não pode ser ensinado. As vezes, mestre e iniciante executam a mesma frase musical e a diferença no som é gritante, mesmo se as notas, o instrumento e até o andamento é aparentemente tudo o mesmo. A diferença é difícil de descrever em palavras. Algo está diferente. O mestre, mesmo dedicado e habilidoso, não pode ensinar de uma vez para o aluno como reproduzir a qualidade do seu som e ‘jeito’. O que que está diferente? A experiência? As horas a mais que o mestre estudou?

Este assunto é rico demais para ser desenvolvido por completo aqui! Porém, há um aspecto interessante: para o mestre, aquilo é mais FÁCIL do que para o iniciante.

Isso pode parecer obvio ou apenas um detalhe, mas tem uma importância gigantesca e pode conter uma chave preciosa para uma transformação instantânea da sua relação com a música e seu instrumento.

Você já se deparou com o pensamento ‘isso está difícil demais’?

Se você é humano, é possível que sim! Faça um experimento: pense em algo que você considera difícil na sua prática musical. Agora, se pergunte “como o meu corpo reage a este pensamento?”

Ao introduz um “pensamento difícil” é possível registrar mudanças como maior tensão no corpo, no rosto, uma sensação de peso nos seus ombros ou na sua respiração.

E agora traz na sua mente algo que te agrada em relação a sua prática musical, algo que está fácil e divertido. Como o seu corpo reage a este pensamento diferente? Eu reparo que instantaneamente os meus olhos ficam mais vivos e suaves, a minha respiração fica mais livre, o meu corpo fica mais leve e animado!

É possível que você reparou ou não reparou mudanças e que elas são parecidas ou muito diferentes das minhas. Eu não posso adivinhar, pois cada sistema é absolutamente único e a percepção de cada um varia de um momento pro outro. Se eu mesma repetir este experimento agora, é bem provável que terei sensações diferentes do que registrei antes.

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O que acontece quando você introduz qualquer pensamento é que o seu corpo/mente muda. As vezes a mudança é sutil demais para perceber, outras vezes dá para sentir claramente. Se eu dizer a você “não pense no elefante rosa!” você inevitavelmente vai acabar com algum tipo de imagem de elefante e/ou rosa na sua mente. Do mesmo jeito, se eu pensar que algo está difícil, inevitavelmente o meu corpo/mente REALIZA essa dificuldade, através de um aumento de tensão muscular.

TUDO QUE VOCÊ PENSA, VOCÊ VIRA!

Não de uma forma mística ou mágica, e sim, a partir do simples conceito que não existe somente corpo, e sim MENTE/CORPO. O nosso cérebro se transforma constantemente conforme do que nós sugerimos a nos mesmos. Toda vez que comunico comigo mesma que algo está difícil, o meu cérebro trabalha para estabelecer conexões para assegurar que vai continuar difícil! Essa susceptibilidade ou plasticidade humana na ciência atual é chamada de neuroplasticidade.

Fácil ou difícil?

Caso você se sentiu pessimista lendo esses parágrafos, tem notícias boas a frente e é aqui que a descoberta do Alexander vira relevante e de extrema importância para um músico e qualquer outro ser humano…

Alexander começou a reparar a influencia constante entre pensamento e movimento quando estava se observando na frente dos seus três espelhos. Ele ficou chocado ao compreender que apenas o estimulo de declamar estava desencadeando a tensão excessiva, que por vez estava prejudicando a sua voz. Ele introduziu o termo “Uso de Si Mesmo” para descrever a COORDENAÇÃO GLOBAL (= o corpo e a qualidade do pensamento que governa seu movimento) e reparou que nós geralmente não estamos conscientes deste Uso durante as atividades, confiamos no que ele chamou de ‘uso instintivo’.

O Uso de Si Mesmo governa a qualidade de todo o movimento especifico que fazemos. O Alexander descobriu que temos como ‘influenciar’ a nossa coordenação geral (através da consciência do controle primordial) de uma forma que favorece ou não, o nosso movimento especifico. Vamos ver como.

De fato o que o mestre do inicio do texto pode fazer para ajudar seu aluno é propor perspectivas de maior consciência sobre a COORDENAÇÃO GLOBAL ou Uso de Si Mesmo, através de quais o aluno pode desenvolver as suas próprias habilidades ao máximo.

NÓS SOMOS OS NOSSOS PRÓPRIOS MESTRES MAIS IMPORTANTES, pois nós estamos nos ensinando e aprendendo a todo instante da nossa vida e prática. APRENDER é a forma mais nobre de estimular a neuroplasticidade e temos, sim, controle em relação a qual direção o nosso cérebro vai se desenvolver.

A pergunta é simples: Fazer fácil ou difícil? ?

 

Extra:

 

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