O processo da consciência corporal e a arte de reconhecer as escolhas
Sabe o pequeno personagem que mora na parte de trás da nossa cabeça, que fica lá julgando o tempo inteiro? ‘Senta ereto!’, ‘Se concentra!’, ‘Você tem problema de concentração!’ Familiar?
Muitas pessoas vêm a consciência corporal como dar um microfone para essa personagem! Não soa como um processo muito agradável, ne? Pra mim, a consciência corporal é o processo de criar um outro personagem que é muito mais delicioso. É um personagem que fala: ‘Estou com a postura ruim. OK, o que está acontecendo?’, ‘Estou com dor. Tudo bem. O que está acontecendo?’, ‘Estou com raiva, está tudo bem, como lidarei com a situação?’
Tudo está controlado pelo nosso cérebro. Dá tanto alivio saber que não tem só duas opções de reação numa situação difícil: julgar a situação ou aceitar e se deprimir com ela. Existe um terceiro lugar onde eu posso falar: ‘Eu não gosto da situação. Está tudo bem. Vamos ver o que eu faço agora?’ Podemos, então, analisar e perceber o que pode ser feito.
A coisa mais legal nessa história é que na minha experiência não tem jeito de resolver o problema senão se aproximar de um estado sensato, onde para resolver preciso não estar nem em guerra, nem em desistência.
Por exemplo, estou tocando percussão e os meus ombros estão ficando tensos. O meu foco vai nos ombros imediatamente e começo a pensar ‘os meus ombros estão tensos’, como se isso não deveria estar acontecendo. Mas ‘hellooo!’, está acontecendo e sempre existe uma boa razão para algo acontecer…Um outro jeito de lidar com essa situação específica é me identificar como uma pessoa cujos ombros estão tensos. Melancolia…
Quando o foco está todo no problema, esqueço que existem várias outras escolhas disponíveis para lidar com a situação: ‘os meus ombros estão tensos, pôrque será? O que o meu corpo está tentando indicar pra mim?’, ‘e se o problema não está nos ombros mas está no resto de mim?’, ‘e se é a minha ansiedade tocando que está causando a tensão excessiva? Como funciona isso?’
Saindo do lugar de guerra ou desistência, abre o caminho para analisar a situação melhor e descobrir a informação que o meu sistema está tentando comunicar. Insights começam chegar e me acho num lugar de empoderamento e não de vítima.
Assim, o problema não é mais problema, é simplesmente a próxima porta para acessar o desenvolvimento pessoal.