Apenas alguns dias antes da minha primeira apresentação sobre a Técnica Alexander para músicos EM PORTUGUÊS (meu povo, mas não a minha língua!), há uma ansiedade sutil, mas definitiva, que está começando a aparecer e isso me leva de volta para os meus bons e velhos tempos do medo do palco…
Crescer como percussionista clássica foi muito duro para mim: o perfeccionismo, os altos níveis de estresse, o conceito bem conhecido do ‘NO PAIN, NO GAIN’ (sem dor não tem ganho). Por favor, eu tentei e tentei e não deu certo para mim, assim como ele não funciona para a tantos outros músicos que conheço. Curiosamente, a maioria dos músicos que estão aproveitando um grande sucesso, são geralmente personalidades leves e divertidos, que magicamente conseguem ter um grande tempo livre e bom humor!
Na minha época de medo paralisador do palco, eu acreditava que a única coisa que poderia me apoiar em um bom desempenho no palco era a minha prática – o meu conhecimento da música que tinha que apresentar. O estado da mente era absolutamente secundário e, para mim, significava apenas que me acalmasse quando eu começasse a ficar muito ansiosa pelo estresse da performance. Naquela época, a famosa frase de Nietzsche – “Eu presico estar despreparado para ser mestre de mim mesmo” – era um mistério absoluto. Tente dizer isso a um músico clássico, e meu deus! No entanto, existe uma sólida verdade nela. Quando você dedica tempo e energia praticando a técnica, pensando e tomando decisões sobre a sua interpretação milhões de vezes, o que resta para determinar a qualidade da sua performance no palco? É a sua coordenação. E o que determina o seu nível de coordenação? O SEU PENSAMENTO.
A compreensão da unidade entre mente e corpo é absolutamente crucial para músicos. É a chave para superar problemas crônicos comuns, tais como tendinite, limitações de técnica, a ansiedade da apresentação e muitas outras questões que fazem parte do repertório de preocupações dos músicos…
Aqui está a boa notícia, o seu estado da mente – ou qualidade de presença – é algo que treinamos. Ela é como um músculo, se você não exercê-lo, torna-se atrófico. E com uma presença atrófica sua ansiedade de desempenho aparece!
Como posso exercer a minha presença?
Você pode começar por fazer sempre que possível uma pergunta simples a si mesmo:
– Como a minha ansiedade (ou preocupação) está afetando os músculos do pescoço neste exato momento?
Esta questão é sempre útil. Anote-a em um bilhete e coloque-a em sua estante de música. Escreva-a ao lado de cada passagem difícil ou parte da peça que você está praticando! Simplesmente não há número suficiente de vezes que você pode fazer esta pergunta! Você pode perguntar si mesmo quando você está tocando sua primeira escala do dia ou quando se encontra na frente do público.
E por quê?
A qualidade com que a sua cabeça se equilibra em cima da sua coluna vai determinar a qualidade do tônus muscular no resto do seu corpo.
Tensão no pescoço torna-se tensão no ombro, tensão no ombro torna-se tensão no cotovelo, tensão no cotovelo torna-se a tensão no pulso etc., etc., etc. Não funciona no jeito contrário como a gente acha! Então, não é engraçado os músicos ficarem obcecados com o que suas mãos ou dedos estão fazendo e não terem absolutamente nenhuma consciência do que estão fazendo com sua cabeça? Aqui uma dica para você: quando você percebe que suas mãos ou braços estão tensos, dê um momento para mudar a sua atenção das mãos para o seu pescoço.
Esta é uma informação muito importante para pessoas como eu, que não tem nem muito tempo, nem energia para investir fora do nosso interesse. Isso significa que nós não precisamos cuidar do corpo e da mente separadamente. Podemos fazer tudo de uma vez, e sim NA HORA do estudo.
E a melhor notícia é que esta abordagem de ‘Quando menos dor – MAIS GANHO’, realmente faz a prática musical mais prazeirosa, leve e eficaz e, sem esforço, revela o potencial artístico em cada um de nós.