Dar-se um tempo – Introduzindo o repouso construtivo

repouso construtivo

Introduzindo o repouso construtivo

Pelo que eu vejo, a grande maioria de nós está lutando o tempo todo contra a gravidade.

O desejo de colapsar quando sentado na cadeira é tão forte e tão comum que até parece natural! No entanto, intuitivamente sabemos que ficar numa posição colapsada de alguma forma não é saudável ou funcional para nós. Então, o que fazemos? Ficamos nos segurando ‘retos’ até colapsarmos novamente… Uma guerra constante entre a gravidade e nossa decisão de não colapsa … Puxamos o peito para cima, jogamos os ombros para trás, mas não conseguimos manter tudo isso por muito tempo – AINDA BEM!

Os que conseguem manter-se “empinados” por muito tempo são os que têm tanta probabilidade quanto qualquer outra pessoa em desenvolver problemas crônicos na coluna ou articulações importantes. Mas veja bem, a natureza é mais esperta do que isso, ela não iria criar um projeto (o projeto humano) que teria que usar esforço para manter-se em pé. Nós vemos este equilíbrio fácil, o fluxo de energia e a flexibilidade natural em qualquer criança. Ao decorrer da vida, costumamos perder o equilíbrio natural do nosso corpo, por isso precisamos compensar nós segurando, empinando, empurrando-nos para cima.

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F.M. Alexander, o criador da Técnica Alexander, fez várias descobertas e dentre elas reconheceu como adultos tendem a interferir com a organização fácil e fluida do seu corpo e encontrou uma uma maneira de revelar este equilíbrio natural: a prática do controle consciente – um estado de consciência elevada. No livro do Alexander ‘O Uso de Si Mesmo’, ele dá uma descrição detalhada de todas as etapas da sua investigação ao chegar nessa consciência elevada.

Hoje, não vamos abordar todo o processo que o Alexander descobriu. Vamos ver uma pequena ferramenta para você começar a conhecer o seu corpo com a ajuda do exercício do repouso construtivo.

Primeiro, ache um lugar no chão onde você possa deitar comfortavelmente. A única coisa material que você vai precisar neste processo são alguns livros para apoiar sua cabeça. O segundo ponto importante é deixar as solas dos seu pés em contato com o chão e consequentemente seus joelhos dobrados, direcionados para o teto. Isto vai proporcionar um apoio indireto para a sua lombar.

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Agora vem provavelmente o ponto mais desafiador do exercício:

VOCÊ NÃO TEM QUE FAZER NADA!

Não tem que pensar nada, não tem que fazer nada com seus ombros, coluna ou qualquer outra parte de você.

Deixe apenas os seus olhos abertos e acordados, os seus ouvidos recebendo os sons do ambiente. Único prerrequisito para este exercício é estar acordado e deixar seu corpo apoiado pelo chão. Se ficar com sono, tudo bem, se acorda e continua por mais um pouco! Provavelmente o seu sistema nervoso não está tão acostumado em estar com o corpo apoiado e livre e acordado ao mesmo tempo. Estamos mais acostumados na seguinte condição:

acordado + tensão excessiva

dormindo + tensão minima

Agora, estamos introduzindo um exercício diferente e provavelmente novo para o nosso sistema:

acordado + tensão minima

Então lembre, não precisa nem estar se segurar nem empurrar seu corpo contra o chão. Deixe apenas se apoiar sem esforço pela força da gravidade: a parte de trás da sua cabeça, escapulas, coluna, pelvis e pés.

Pode aparecer um pouco de nada, mas este não é um exercício para fazer algo para o seu corpo. Este é um exercício de ‘não fazer’! Você pode descansar nessa posição pelos próximos 15-20 minutos usando o esforço necessário – nem mais nem menos.

Vê o que muda no seu equilíbrio depois de se dar um tempo, e deixar o seu corpo SE REORGANIZAR através da ajuda da gravidade.

Neste momento que eu estou digitando este texto no computador, estou praticando a Técnica Alexander. Estou interessada em usar o esforço necessário na atividade de digitar – nem mais nem menos. Isso deixa a minha respiração mais fácil, o movimento e equilíbrio do meu corpo se torna mais livre, e sentar na cadeira vira uma atividade bem mais fácil e dinâmica do que antigamente. Para desenvolver esta capacidade de ‘não fazer’ mais do que o necessário, muitos de nós precisamos reduzir o nível de estímulo.

É por isso que o repouso construtivo é um ótimo primeiro passo nessa direção. Parece um pouco de nada, mas este ‘pouco’ é tudo.

Boas explorações!

Alegremente,
Eleni

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